PATHOS é uma viagem à Grécia que nunca chegou nem chegará a terminar. Aliás, o título invoca desde logo a língua e a civilização gregas. De certa forma, é a partir da convocação de um suposto início, da lembrança de uma ideia de humanidade (a da Grécia Antiga enquanto berço da civilização ocidental, da democracia, da filosofia e do teatro) que os criadores, céticos face ao nó cego civilizacional a que chegámos, medem o pulso do nosso tempo.
PATHOS é uma tragédia. Uma ruína. Um espetáculo-ruína que anseia desesperadamente pelo seu anunciado fim. O ponto onde as nossas crenças num “mundo melhor” se diluem e apagam nos sinais políticos e ambientais, no crescimento de fundamentalismos e intolerância que caracterizam os nossos dias. Olhamos para este mundo em construção quase como quem olha para uma profecia com um final trágico, antevendo desde logo a desgraça e o sofrimento. O PATHOS.
PATHOS é o resultado deste olhar sobre uma certa ideia de humanidade à mistura com o legado clássico teatral que herdámos e que carregamos como um fardo. Como se fôssemos Sísifo: ora o empurrando até ao cume da montanha, ora o deixando rolar sozinho pelo monte abaixo. Ao fardo. E a toda e qualquer ideia de civilização.
PATHOS é uma criação em cinco atos. Cinco momentos. Cinco partes trágicas cuja unidade de ação se resume ao aqui e agora onde vivemos em confronto com o século V a.C. Esse tempo mítico de Ésquilo, Sófocles e Eurípides. E de todos os outros que foram esquecidos.